Fundadora da primeira casa lar do Brasil para crianças com graves deficiências, deixa um legado de voluntariado, solidariedade e assistência social.
Brasília perdeu uma grande mulher. Morreu na manhã desta quinta-feira (30) , vitimada pelo câncer, uma das fundadoras da Associação de Mães, Pais, Amigos e Reabilitadores de Excepcionais (Ampare), Glaucia Gomes Aguiar.
“Se Deus deixou em seu lar uma criança diferente das outras, é porque Ele confia em você”, diz a frase estampada na escola especializada em reabilitação da Ampare, localizada na Asa Norte. Deus confiou a Glaucia e à sua família a linda Mariana, que nasceu com síndrome de down. Porém, a ex-presidente da Ampare era uma mulher solidária e adotou dezenas de crianças que necessitavam de cuidados permanentes e que foram abandonadas nos hospitais do DF, além daquelas que foram privadas de convivência familiar por sofrerem violência ou negligência por conta da sua deficiência. Assim, nasceu em 1994, a primeira casa lar para crianças deficientes em situação de orfandade do Brasil.
Gláucia tomou todas as providências necessárias para acolher aquelas crianças com graves deficiências. Conseguiu a concessão de uso de uma casa de madeira no acampamento da Fazendinha, na Vila Planalto. A partir de então, lutou para que a casa tombada pelo patrimônio histórico fosse reformada para receber as crianças. Durante vários anos, a casa funcionou graças a doações voluntárias e com pouca ajuda governamental. A fundadora do orfanato organizava bazares na Vila Planalto e outras localidades e contava com a doação dos comerciantes locais e outros voluntários. Hoje o lar abriga até 10 crianças que frequentam a escola de reabilitação da Ampare e recebem atendimento médico e o amor de mães sociais extremamente dedicadas.
O voluntariado para ajudar crianças sobrevive porque existem pessoas que saem de casa motivadas a transformar o mundo em um lugar melhor, dizia Gláucia Aguiar. A vida dela foi dedicada a transformar a realidade dessas crianças que tinham poucas expectativas de sobrevivência devido a graves deficiências. E elas tem a possibilidade de ter uma sobrevida digna graças ao trabalho realizado no Lar Ampare idealizado por essa mulher que deixa um grande legado na Assistência Social de Brasília.
Este foi provavelmente um dos textos mais difíceis que já escrevi na vida, porque a Gláucia Aguiar sempre foi para mim um grande exemplo de mulher. Ela era guerreira, solidária, mãe e esposa exemplar, cuja beleza ia muito além da forma física devido a sua alegria contagiante e simplicidade. Tive a honra de conviver com essa pessoa admirável que tinha muito respeito ao próximo e é digna de todas as homenagens. Que Deus conforte o coração dos seus familiares e amigos. E que as pessoas se espelhem em sua história, saindo de casa todos os dias motivadas a transformar o mundo em um lugar melhor.