Ampare

Foto: Arquivo

A frase estampada em quase todos os murais e paredes da escola me tocou enquanto eu esperava a entrevista. “Se Deus deixou em seu lar uma criança diferente das outras, é porque Ele confia em você”. O ideia do amor como aceitação incondicional está muito presente na filosofia da Associação de Mães, Pais, Amigos e Reabilitadores de Excepcionais (Ampare).

A preocupação principal da instituição é ajudar famílias a acompanhar crianças que irão exigir cuidados permanentes e prepará-las para viverem o mais feliz e autonomamente possível, dentro de suas limitações.

O sentimento de justiça social e a indignação em relação à ausência de responsabilidade do Estado povoam a luta da Ampare. Na década de 1970, Brasília ainda estava engatinhando e o atendimento na rede pública de saúde (SUS) para crianças com deficiência era precário, mais do que hoje.

Foi então que pais e mães que não encontravam ajuda se reuniram para incentivar que o Governo do Distrito Federal (GDF) criasse algum órgão que defendesse o direito dessas pessoas. “A Secretaria de Educação começou a adotar critérios para o atendimento, alguns podiam e outros não. A família era nosso foco principal e em 1972, criamos a Ampare”, conta Glaucia Gomes, 56, presidente da instituição.

Na escola da Ampare, 49 funcionários e quatro voluntários recebem toda semana uma turminha animada de 125 alunos para atividades de fisioterapia, fonoaudiologia, hidroestimulação e terapia ocupacional. Adolescentes e adultos fazem oficinas de papel reciclado, lavagem de carros, bijuterias, pintura e decupagem enquanto crianças de três a seis anos são preparadas pedagogicamente para a inclusão escolar.

Alguns chegam ali sem nunca ter tido atendimento especializado, outros vem encaminhados por escolas regulares, que já não podem mais oferecer nada a eles. Tem também os alunos que fazem atividades complementares no contra turno da educação básica.

Mas a menina dos olhos da Associação é trabalhar a estimulação precoce com crianças recém-nascidas e suas famílias. “Alguns ficam o resto da vida, mas com os pequenos temos a expectativa de que até os quatro anos tenham a possibilidade de ir para uma escola regular”, explica a presidente Gláucia Gomes. A prioridade é para os bebês, visto que as vagas são limitadas. Hoje, existem mais de 60 crianças e jovens na lista de espera da Ampare.

O trabalho de acolhimento e seleção passa pela triagem de um assistente social e uma psicóloga. “Fazemos um estudo de caso e montamos um plano individual de atendimento. A família é orientada para participar de todas as atividades”, conta Glaucia. Famílias mais pobres têm prioridade na hora de conseguir a vaga, mas mesmo aquelas que não são atendidas recebem acompanhamento e orientação para procurarem outras instâncias e lugares de apoio.

Além da escola, a Ampare fundou uma casa lar para acolher crianças com deficiência em situação de orfandade ou que foram privadas da convivência familiar por abandono ou negligência da família. “Em 1994, tomei conhecimento de crianças que eram abandonadas em hospitais por conta de sua deficiência. Peguei esses meninos junto à Vara da Infância e planejamos o primeiro abrigo para crianças com deficiência do Brasil”, diz a presidente da instituição.

O número fixo de dez crianças garante que os cuidadores dêem atenção para cada necessidade das crianças. O funcionamento é de uma casa comum – para cada três meninos e meninas, um cuidador é responsável por toda sua rotina e desenvolvimento. Todas as crianças, que são enviadas pela Vara da Infância e pelos Conselhos Tutelares, ficam sob a guarda de Gláucia. “Lutamos pela inclusão de crianças com deficiência nos abrigos comuns, mas elas requerem muito mais atenção. Por isso, também trabalhamos com a família, porque nosso objetivo é fazer com que essas famílias retomem os filhos”.

Depois de muitos anos se sustentando apenas com o apoio de doadores, hoje a associação tem um convênio com a Secretaria de Desenvolvimento Social e Transferência de Renda, a Sedest. O recurso que vem do governo custeia 70% dos gastos da escola, e na casa lar da instituição, a verba do GDF paga apenas 40% das despesas. “O resto, corremos atrás”, explica Gláucia.

Foto: Arquivo

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Serviço

Para falar com a Ampare, você pode ligar 3273-6964, 3274-9561 ou mandar um email paraampare@brturbo.com.br. A escola fica no endereço SHCGN 709, Área Especial Escola Classe, Brasília – DF. O abrigo fica na Vila Planalto, Conjunto Fazendinha Pacheco Fernandes, casa 03, também no DF.

Fonte: http://amorsemreservas.blogspot.com.br/2011/02/ampare.html

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